20/08/25
Alexandre de Moraes contou com a ajuda direta do senador Wilder Morais (PL-GO) para ter sua indicação ao Supremo Tribunal Federal (STF) aprovada pelo Senado. À época, Wilder articulou um jantar exclusivo em seu barco — conhecido como “love boat” — ancorado no Lago Paranoá, em Brasília, para que Moraes pudesse convencer senadores influentes a apoiarem sua nomeação. Além disso, Wilder votou favoravelmente à aprovação de Moraes no plenário do Senado.
O encontro reservado aconteceu na noite de 7 de fevereiro de 2017, menos de dois dias após a indicação oficial de Moraes pelo então presidente Michel Temer. No jantar, que reuniu pelo menos oito senadores — muitos deles investigados pela Lava Jato — Moraes foi submetido a uma "sabatina informal", com questionamentos sobre sua atuação como advogado, sua relação com o ex-deputado Eduardo Cunha e temas sensíveis como prisão em segunda instância e legalização de drogas.
“Ele respondeu a todas as perguntas difíceis. Foi realmente uma sabatina, ele não esperava um jantar tão hostil”, relatou um dos presentes, em condição de anonimato. Apesar do clima de pressão, Moraes saiu do evento com apoio fortalecido, o que facilitou sua aprovação posterior no Senado. O senador Benedito de Lira (PP-AL), também presente, tentou suavizar a natureza do encontro, classificando-o como um “jantar informal” para tratar de “temas de interesse do país”.
Passados sete anos, o mesmo Wilder Morais que articulou apoio e votou a favor de Moraes, hoje engrossa o coro bolsonarista que pede o impeachment do ministro, a quem acusa de abuso de autoridade e perseguição política. A mudança de postura chama atenção pela disparidade entre os gestos de bastidor no passado e o discurso público atual.
