Goiânia, 26/08/2025
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Na gestão Rogério Cruz, até mortos recebiam salários da Prefeitura

21/08/25

A Prefeitura de Goiânia e a Polícia Civil de Goiás investigam um esquema de fraudes na folha de pagamento que pode ter causado prejuízo superior a R$ 3 milhões aos cofres públicos desde 2023. As apurações revelam que, durante a gestão do ex-prefeito Rogério Cruz (SD), até aposentados já falecidos continuaram recebendo salários, em um esquema que também beneficiava pensionistas com cadastros desativados. No total, há suspeita de manipulação nos dados de 55 beneficiários. As informações foram reveladas pela jornalista Fabiana Pulcinelli do jornal O Popular.

De acordo com as investigações, os pagamentos irregulares foram viabilizados por logins e senhas de 18 usuários do sistema de gestão da folha — 15 servidores municipais e três funcionários da empresa Sistema de Gestão Pública (Sigep), responsável pelo software. Ainda não está claro se os acessos foram usados por terceiros ou com participação direta dos servidores. A empresa demitiu os funcionários envolvidos e bloqueou as senhas de acesso.

O esquema funcionava com a reinserção de nomes de falecidos na lista de beneficiários, seguida de alteração nos dados bancários para o desvio dos salários. Após a liberação dos valores, as alterações eram apagadas para encobrir os rastros. Houve ainda manipulação para turbinar pagamentos, incluindo gratificações indevidas. Em um caso, um salário que era de R$ 4 mil saltou para R$ 20 mil em apenas um mês.

A irregularidade foi descoberta em março, quando o Instituto de Previdência dos Servidores do Município (GoiâniaPrev) identificou pagamento a um aposentado morto e comunicou a Controladoria-Geral do Município (CGM). O pente-fino iniciado pela gestão encontrou mais 40 casos semelhantes. Prints de tela registrando as mudanças e depois o retorno aos dados originais reforçaram os indícios de fraude. A Polícia Civil pediu uma análise de todo o período desde a contratação do sistema, em setembro de 2022, e concluiu que o esquema se intensificou em 2024.

O controlador-geral do Município, Juliano Bezerra, afirmou que a investigação atende a uma determinação do prefeito Sandro Mabel (UB) para auditar integralmente a folha de pagamento e cortar desperdícios. Uma força-tarefa foi criada para aprofundar a revisão, e reuniões com o Tribunal de Contas dos Municípios (TCM-GO) avaliam a contratação emergencial de auditoria técnica. Já a Sigep declarou colaborar integralmente com a apuração e negou envolvimento da direção no esquema.


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