23/08/25
Um relatório da Polícia Federal (PF), elaborado com base em informações do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf), indica que o ex-presidente Jair Bolsonaro movimentou R$ 30,57 milhões entre março de 2023 e fevereiro de 2024. No mesmo período, R$ 30,59 milhões saíram de suas contas.
De acordo com o documento, a maior parte dos valores recebidos veio de transações via PIX: R$ 19,2 milhões em 1,2 milhão de operações. Houve ainda R$ 8,7 milhões oriundos de resgates de CDB/RDB, R$ 1,3 milhão de operações de câmbio, R$ 373,3 mil referentes a proventos e R$ 304 mil de transferências. O PL, partido ao qual Bolsonaro é filiado, foi o principal depositante institucional, com R$ 291 mil.
Entre as saídas, o relatório cita R$ 18,3 milhões em aplicações financeiras, R$ 7,5 milhões em transferências, R$ 1,5 milhão em pagamentos de títulos e R$ 1,1 milhão em PIX. Houve ainda repasses de R$ 3,3 milhões para o advogado Paulo Cunha Bueno, R$ 3,3 milhões para o escritório DB Tesser, além de pagamentos a empresas de engenharia, arquitetura e até uma loja de veículos. Também foram identificadas transferências para a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro e para o filho Jair Renan.
A PF afirma que as operações são suspeitas de “lavagem de dinheiro e outros ilícitos”. O relatório ainda detalha movimentações em outros períodos: entre fevereiro e agosto de 2024, ingressaram R$ 1,7 milhão e saíram R$ 1,3 milhão; de agosto a dezembro do mesmo ano, R$ 872 mil entraram e R$ 1,2 milhão foram retirados; já de dezembro de 2024 a junho de 2025, os valores somaram R$ 11 milhões tanto em entradas quanto em saídas. Nesse último período, Bolsonaro transferiu R$ 2,1 milhões a Eduardo Bolsonaro, além de R$ 2 milhões para um advogado e R$ 2 milhões para Michelle.
Na quarta-feira (21/8), a PF indiciou Jair Bolsonaro e Eduardo Bolsonaro por coação a autoridades do Supremo Tribunal Federal (STF) no processo do golpe de Estado. O relatório também aponta indícios de tentativa de abolição do Estado democrático de direito.