10/09/25
O silêncio do senador Wilder Morais (PL) diante das acusações que pesam contra o deputado federal Professor Alcides Ribeiro não esconde a movimentação de bastidores: o parlamentar deve mesmo ser bancado para buscar a reeleição em 2026. Apesar do desgaste provocado pelo escândalo que o envolve e da derrota fragorosa na disputa pela Prefeitura de Aparecida, Alcides segue ativo no PL e conta com o apadrinhamento de Valdemar Costa Neto, presidente nacional da legenda, e do próprio Wilder em Goiás.
Mesmo após ter anunciado em janeiro que pediria a desfiliação do partido, logo depois da divulgação de vídeos íntimos com um adolescente de 16 anos, Alcides nunca formalizou a saída. No sistema da Câmara dos Deputados, seu nome continua vinculado ao PL. Wilder, que preside a sigla em Goiás, evitou qualquer manifestação pública sobre o caso, mas manteve Alcides integrado à rotina partidária. O deputado participa de reuniões, eventos e aparece em fotos ao lado da cúpula da legenda.
As investigações, conduzidas pela Delegacia de Proteção à Criança e ao Adolescente de Aparecida, seguem em andamento. A apuração envolve não apenas o suposto relacionamento, mas também tentativas de ocultar provas. Em dezembro de 2024, a Polícia Civil cumpriu mandados de prisão e de busca em endereços ligados ao deputado. Um segurança de Alcides chegou a ser preso, acusado de ameaçar o adolescente com arma de fogo para tomar celulares e apagar registros do caso.
Ainda assim, a avaliação entre aliados é de que Wilder Morais decidiu segurar o desgaste e bancar a candidatura de Alcides à reeleição. O cálculo político é de que os cerca de 90 mil votos conquistados em 2022 podem ser repetidos em 2026. O apoio, no entanto, não vem sem custo: o silêncio de Wilder é visto como aval tácito a um parlamentar sob investigação, e o PL em Goiás entra no ano pré-eleitoral convivendo com o peso desse constrangimento.
