18/09/25
O senador Wilder Morais (PL-GO), presidente estadual do partido, moveu ações contra 13 veículos de comunicação após a divulgação de reportagens que mencionavam seu nome em decisão do ministro do STF Flávio Dino. O magistrado determinou ao Tribunal de Contas da União (TCU) a apuração de emendas parlamentares sem plano de trabalho, com envio das informações à Polícia Federal.
Entre os processados estão jornais e sites que noticiaram que emendas apresentadas por Wilder e outros parlamentares goianos seriam alvo de fiscalização. O parlamentar pede indenização por danos morais, retirada imediata das matérias e direito de resposta. A ofensiva judicial, porém, contrasta com o discurso público do senador, que se coloca como defensor da liberdade de expressão ao lado do bolsonarismo.
A iniciativa é vista por especialistas como um risco para o ambiente democrático, já que busca transformar o Judiciário em ferramenta de blindagem política. A jurisprudência do Supremo Tribunal Federal (STF), especialmente na ADPF 130, reforça que não cabe censura prévia à imprensa, enquanto decisões do Superior Tribunal de Justiça (STJ) lembram que figuras públicas estão sujeitas a maior escrutínio.
No caso específico, as reportagens se limitaram a reproduzir uma decisão oficial do Supremo. O jornal O Popular, por exemplo, publicou matéria detalhando os autores das emendas e os valores, sem extrapolar os fatos. Não houve fake news, difamação ou ataques pessoais, mas relato de informações oficiais.
Ao adotar a estratégia de judicializar críticas e notícias, Wilder expõe uma contradição: de um lado, o discurso em defesa da liberdade; de outro, a prática de tentar silenciar veículos de comunicação que cumprem sua função constitucional. Para jornalistas e entidades do setor, o gesto pode provocar um efeito inibidor, levando redações à autocensura diante do poder econômico e político de quem as processa.