27/09/25
O ex-governador Marconi Perillo (PSDB) promoveu um encontro na manhã deste sábado (27/9) para anunciar a disposição de disputar pela quinta vez o governo estadual nas eleições de 2026. Convocado por uma associação que reúne ex-prefeitos e ex-vereadores do estado, a reunião no auditório da Assembleia Legislativa foi marcada por um tom saudosista dos mandatos de Marconi (1999 e 2018). Exalando naftalina, ao som de antigos jingles de campanhas tucanas, com o desgastado mote do Tempo Novo, que marcou a eleição de 1998, novos e, principalmente, velhos aliados do ex-governador cobraram que ele concorresse mais uma vez ao Palácio das Esmeraldas. Pouco se falou do futuro de Goiás, mas muito se lembrou dos tempos de muito poder.
Anunciado há pelo menos dois meses, o encontro reuniu apenas três prefeitos: de Minaçu, Jandaia e Pirenópolis, todos do PSDB. Além deles, os dois deputados estaduais do partido e os vereadores do PSDB na Capital. Também estavam presentes representantes do PSDB do Rio Grande do Sul, do Rio de Janeiro e do Tocantins, além do filho do ex-governador Mário Covas, Mario Covas Neto. Zuzinha, como é conhecido o ex-vereador por São Paulo, confessou ter conhecido Perillo há menos de dois anos. Presidente da Instituto Teotônio Vilela (ITV) e manda-chuva do partido, o deputado federal Aécio Neves (MG) enviou um vídeo.
Os discursos misturam um tom de grande nostalgia dos tempos em que Marconi era governador com apelos para que ele aceitasse o desafio de concorrer mais uma vez. Nos discursos mais contundentes, o presidente da Associação dos ex-prefeitos (Agexp) e organizador do evento, Ronan Rosa, afirmou se sentir "machucado" quando ainda se discute a possibilidade de Marconi disputar o Senado ou ser candidato a deputado federal em 2026 - Marconi foi derrotado ao tentar vaga ao Senado em 2018 e 2022. O ex-prefeito de Catalão Jardel Sebba pediu que Marconi "tenha piedade do povo de Goiás", contudo sem explicar a razão.
Já o prefeito de Minaçu, Carlos Alberto Lereia, mais lúcido, falou da dificuldade de ter poucos prefeitos e lideranças para sustentar uma candidatura ao governo estadual, mas emendou que os ex-prefeitos também tem alguma força para ajudar a levar o projeto adiante. "Ex-prefeito vale tanto quanto. (...) e a decisão é do eleitor, transfere-se muito pouco", acrescentou Lereia. Os ex-deputados Jovair Arantes e Roberto Balestra também fizeram discursos relembrando o surgimento do grupo político que chegou ao poder no final dos anos 90. Balestra foi às lágrimas ao lembrar que a mãe era a maior cabo eleitoral do tucano.
Último a discursar, Marconi fez um longo apanhado de seus mandatos falando dos avanços conquistados, na visão dele ele, em quase duas décadas no poder. O tucano falou do vapt-vupt, dos hospitais como Crer e Hugol, das rodovias duplicadas, da criação dos colégios militares, dos investimentos em saneamento e água tratada como Corumbá 4 e a barragem do ribeirão João Leite, entre outros. Desviou-se dos escândalos de corrupção que minaram seus últimos mandatos e também não mencionou a qualquer dificuldade fiscal enfrentada pelo Estado em seus governos.
Marconi evitou a acatar diretamente a gestão do governador Ronaldo Caiado (União Brasil), a quem faz dura oposição, mas tentou se equilibrar com um discurso um tanto enviesado. Por um lado o tucano admite que Goiás de fato avançou em muitas áreas, mas que, para ele, hoje "colhe" os frutos do que foi "plantados" em seus governos. "As vezes, a colheita demora a chegar", tentou se explicar. Adiante, Marconi questionou se o atual plantio tem sido correto para que Goiás viva um novo salto de desenvolvimento nas próximas décadas. No final, como era esperado, Marconi disse aceitar o desafio de se candidatar pela quinta vez ao governo.
