10/10/25
O Ministério Público de Goiás (MP-GO) ingressou com uma ação civil pública contra a empresa de cosméticos WePink, fundada pela influenciadora Virginia Fonseca, acusando-a de violar o Código de Defesa do Consumidor. O promotor Élvio Vicente, autor da ação protocolada na última quarta-feira (8), classificou a situação como um “drama humano coletivo”, diante do elevado número de consumidores que afirmam ter sido lesados pela marca. Segundo ele, as 90.856 reclamações formais registradas em 2024 revelam um padrão de descaso com clientes que compraram produtos e enfrentaram uma “realidade brutal de total abandono no pós-venda”.
A ação descreve uma série de irregularidades, como falta de entrega de produtos, descumprimento de prazos, resistência a reembolsos, atendimento automatizado e ineficiente, além da remoção de críticas negativas nas redes sociais e do envio de produtos com defeito. O MP pede que a empresa e seus sócios, incluindo Virginia, sejam responsabilizados solidariamente e condenados ao pagamento de indenização por danos morais coletivos de pelo menos R$ 5 milhões, valor a ser revertido ao Fundo Estadual de Defesa do Consumidor. Também requer que a WePink entregue todos os produtos não recebidos, substitua os que apresentaram defeito e reembolse os consumidores lesados.
Entre as provas apresentadas, o MP aponta casos de consumidores que aguardam há mais de sete meses pela entrega de produtos, além de relatos de atendimento ineficaz e omissão deliberada de críticas negativas nas redes sociais. Segundo o órgão, a credibilidade da marca foi construída em torno da imagem pública de Virginia, o que teria potencializado o impacto das práticas denunciadas. “Seduzidos pela confiança depositada em influenciadora de renome nacional, milhares de consumidores foram ludibriados”, destaca um trecho da ação.
A WePink, por sua vez, apresentou defesa ao MP durante reunião realizada em 24 de junho de 2025, afirmando que 94% dos pedidos feitos entre janeiro e maio foram entregues. A empresa alegou que os atrasos — cerca de 15% das vendas em Goiás — se devem a fatores externos, como aumento de demanda, falhas logísticas e erros no preenchimento de endereços pelos clientes. A marca sustentou ainda que 85% das compras on-line são entregues dentro do prazo, e que casos isolados de atraso ou devolução não representam negligência, mas circunstâncias pontuais fora do controle da empresa.