20/10/25
Reportagem do portal UOL publicada neste domingo (19/10) aponta indícios de desvio de recursos públicos destinados ao Jockey Club de São Paulo por meio de projetos financiados pela Lei Rouanet. O esquema envolveria empresas e pessoas ligadas ao ex-governador de Goiás e atual presidente nacional do PSDB, Marconi Perillo, que desde 2019 é sócio do Jockey e passou a integrar o conselho do clube paulista em 2022.
No centro da investigação está a produtora cultural Elysium, transformada em Organização Social de Cultura (OSC) em 2014 por decreto do próprio Marconi, então governador de Goiás. A empresa, que administra projetos com dinheiro público em Goiás, foi indicada para coordenar o restauro do Jockey e selecionar fornecedores. A reportagem aponta que o arranjo permitiu direcionar contratos para empresas de Goiás ligadas a aliados e parentes de Marconi, levantando suspeitas de uso de recursos federais para irrigar negócios no estado.
Documentos obtidos pelo UOL revelam notas fiscais sem comprovação de serviços, repasses a empresas de fachada e despesas incompatíveis com o projeto cultural — como jantares de luxo, diárias de hotel e compras em farmácia. Há ainda registros de aluguel de equipamentos supostamente enviados a Santo Antônio de Goiás, sem relação com as obras em São Paulo. Essa operação foi vinculada à Sapé Administração de Imóveis, empresa que tem como sócia uma prima de Marconi e funciona no mesmo endereço da Elysium, em Goiânia.
O caso é investigado pelo Ministério da Cultura e pela Controladoria-Geral do Município de São Paulo, que apuram possível fraude na aplicação de R$ 22,4 milhões da Lei Rouanet e outros R$ 61,2 milhões do programa municipal TDC. Questionado, Marconi Perillo negou qualquer envolvimento e classificou as suspeitas como “levianas”. Entretanto, a investigação já encontrou indícios de que a rede de empresas beneficiadas pelo Jockey tem vínculos diretos com o grupo político e empresarial do ex-governador de Goiás.
