27/10/25
O uso do avião Baron 95-B55 pela Assembleia Legislativa de Goiás (Alego) disparou em 2025 e já bateu recorde histórico. Entre janeiro e setembro deste ano, foram 57 voos realizados por deputados estaduais em aeronave custeada com recursos públicos, mais que o triplo registrado em 2024, quando houve apenas 16 deslocamentos. O presidente da Casa, Bruno Peixoto (União Brasil), lidera o ranking de utilização: esteve a bordo em 25 viagens, algumas delas sozinho e outras acompanhado de assessores, prefeitos aliados e até figuras sem função pública definida. Em uma das viagens, por exemplo, o presidente voou para Porangatu ao lado da prefeita de Santa Tereza, Leia Mendonça, e do DJ Jiraya Uai, presença frequente em eventos festivos promovidos pela Alego.
Peixoto justifica o uso intensivo da aeronave afirmando que os voos estão ligados ao programa itinerante “Deputados Aqui”, criado pela atual gestão e levado a cidades do interior em 24 edições neste ano, sempre com ampla divulgação nas bases eleitorais dos parlamentares. Em ano pré-eleitoral, a iniciativa tem elevado a movimentação da máquina legislativa e inflado gastos. Reportagem já mostrou que a Alego quintuplicou as despesas com diárias de servidores no período, também sob a justificativa do programa. Peixoto é pré-candidato a deputado federal em 2026 e deve usar o projeto como plataforma política.
O segundo parlamentar que mais utilizou o avião oficial foi o deputado Coronel Adailton (Solidariedade), com 10 viagens. Em pelo menos quatro delas, ele estava sozinho. O parlamentar também admite usar a aeronave para agendas pessoais relacionadas ao turismo e pesca esportiva, como em viagens a Três Ranchos e à Caminhada Ecológica em Aruanã. Ele defende que o avião seja usado com ainda mais frequência e chegou a sugerir que a Assembleia tenha “mais de uma aeronave disponível” para atender os 41 deputados. A Alego também disponibiliza SUVs para deslocamentos terrestres, adquiridos no início do ano.
A aeronave usada pelos deputados foi apreendida pela Polícia Federal em operação contra o tráfico de drogas e passou a ser utilizada pela Assembleia por meio de um termo de cooperação com o Corpo de Bombeiros. Além das viagens parlamentares, houve outras duas para transporte de equipe médica para captação de órgãos. Mesmo assim, parte dos deslocamentos não aparece no Portal da Transparência, segundo o próprio setor aéreo da Casa, que alega registros de manutenção e treinamento. A Alego mantém três contratos ativos para garantir o funcionamento do avião, incluindo seguro, manutenção e combustível, que somam R$ 1,4 milhão empenhados até o momento — um custo bancado integralmente com dinheiro público.
