02/11/25
O projeto do senador Wilder Morais (PL) de disputar o governo de Goiás em 2026 gerou reação dentro do Partido Liberal e irritou aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro, especialmente o deputado federal Gustavo Gayer. A principal divergência envolve o impacto que uma eventual vitória de Wilder teria na composição do Senado: caso ele seja eleito governador, a suplente Izaura Cardoso, esposa do senador Vanderlan Cardoso (PSD), assumiria a vaga.
O nome de Izaura é motivo de impasse, já que Vanderlan é um dos principais adversários políticos de Gayer. Segundo aliados, o parlamentar do PL considera a hipótese de Wilder no governo como um “presente ao inimigo”, lembrando que o senador do PSD teria atuado em Brasília e no Supremo Tribunal Federal pela cassação do mandato de Gayer.
O distanciamento entre Wilder e Gayer também reflete diferenças dentro do próprio PL goiano. Bolsonaro, segundo interlocutores, orientou o partido a priorizar candidaturas ao Senado e à Presidência da República, deixando de lado projetos considerados individuais, como a postulação de Wilder ao governo. “A direita precisa estar unida em torno de objetivos nacionais, não pessoais”, teria dito o ex-presidente a aliados.
Além disso, Bolsonaro e Gayer rejeitam qualquer aproximação com Vanderlan, que, após o fim do governo bolsonarista, se alinhou ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Nos bastidores, integrantes do PL se referem a Vanderlan como “o Vermelho”, em alusão ao vínculo com o governo petista.
Dirigentes do PL avaliam que, se Wilder insistir na candidatura, deverá fazê-lo sem o apoio de Bolsonaro, de Gayer, do ex-deputado Major Vitor Hugo e da maioria dos prefeitos da legenda.
Enquanto o senador enfrenta resistência, Gayer avança nas conversas com o vice-governador Daniel Vilela (MDB) e com a primeira-dama Gracinha Caiado (União Brasil). O grupo discute uma composição majoritária que incluiria o PL, o MDB, o União Brasil e o PSD — este último com José Mário Schreiner ou Gustavo Mendanha como possíveis vices.
A aliança é vista por dirigentes como o arranjo mais sólido para 2026. “É uma chapa com base, estrutura e capilaridade para vencer no primeiro turno”, afirmou um integrante do PL próximo a Gayer ao jornal Opção.