13/12/25
O ex-governador Marconi Perillo (PSDB) tem usado críticas ao Ipasgo Saúde como palanque eleitoral de sua pré-candidatura ao governo. Porém, ao mirar o plano de saúde dos servidores, o tucano acaba escancarando o sucateamento e os escândalos durante seus quatro mandatos. Somente no Ipasgo, os desvios apurados em operações policiais chegaram a R$ 600 milhões. O instituto chegou ao colapso e centenas de prestadores de serviços se descredenciaram por não receberem.
Durante o terceiro e quarto mandatos de Marconi, entre 2011 e 2018, o Ipasgo foi palco de um dos maiores escândalos de corrupção já registrados em Goiás. Investigações da Polícia Civil revelaram a existência de uma quadrilha organizada dentro da instituição, formada por servidores da área de tecnologia da informação, que fraudavam o sistema de credenciamento. Clínicas, médicos e laboratórios eram inseridos de forma irregular no cadastro do plano de saúde e, a partir daí, passaram a receber vultosos repasses sem qualquer prestação de serviço compatível.
Em um dos casos de fraude mais emblemáticos, um único paciente teve 200 exames de sangue supostamente realizados. De acordo com a estimativa da polícia, naquele período, os desvios teriam chegado a R$ 600 milhões, um rombo que comprometeu a assistência médica a milhares de servidores públicos e seus familiares.
Assim que assumiu a gestão estadual em 2019, o governador Ronaldo Caiado (União Brasil) determinou uma varredura nos contratos do Instituto e desbaratou, rapidamente, o esquema de corrupção que se perpetuava. Foram investidos R$ 480 milhões para resgatar a solvência do instituto, que foi transformado em Serviço Social Autônomo, por determinação do Tribunal de Contas do Estado (TCE).
Além da corrupção e da piora gradativa dos serviços, o IPASGO começou a ficar inviável do ponto de vista financeiro e de gestão. Em 2016, mesmo após dois anos sem conceder a reposição da data-base, Marconi impôs um reajuste de 10,71% na mensalidade.
Fim melancólico
O ex-governador Marconi Perillo deixou a gestão estadual em cenário de terra arrasada e fim melancólico. Em 2018, Goiás tinha dívidas imediatas que beiravam os R$ 7 bilhões, enquanto o caixa contava, em janeiro de 2019, com apenas R$ 11 milhões. O colapso financeiro sem precedentes, legado de um governo marcado por irresponsabilidade fiscal, privilégios políticos, corrupção enraizada e desprezo pelos servidores públicos.
Derrotado nas urnas em 2018 e 2022, Marconi tenta recuperar algum espaço político atirando para todos os lados. Sem apresentar soluções viáveis, pautas relevantes ou mesmo qualquer projeto, as críticas do ex-governador ao Ipasgo soam como hipocrisia. A memória da população goiana, no entanto, não é tão curta quanto o ex-governador gostaria que fosse.