15/12/25
A revogação das sanções impostas pelos Estados Unidos ao ministro do STF Alexandre de Moraes detonou uma disputa pública entre dois nomes centrais do bolsonarismo: o deputado federal Nikolas Ferreira (PL-MG) e o influenciador Allan dos Santos, foragido da Justiça brasileira. O episódio expôs, de forma explícita, a divisão interna da extrema direita após a derrota política sofrida com a queda da chamada Lei Magnitsky.
O estopim foi um tuíte publicado e posteriormente apagado por Allan, no qual ele apostava que as sanções contra Moraes jamais seriam revogadas. Segundo relatos, Nikolas recuperou a postagem deletada e a compartilhou no grupo de WhatsApp dos deputados. Ao descobrir a movimentação, Allan reagiu publicamente e cobrou explicações do parlamentar. A resposta de Nikolas foi curta e agressiva — “Não, porque você é um bosta” — e a troca de ataques viralizou, escancarando o rompimento entre os dois.
A briga ocorreu no mesmo dia em que o governo dos EUA retirou as sanções impostas a Moraes, à esposa do ministro, Viviane, e à empresa da família. A medida foi adotada após pedido do presidente Luiz Inácio Lula da Silva a Donald Trump. Moraes havia sido incluído na lista em julho, acusado pelo governo norte-americano de detenções arbitrárias e censura no contexto do processo que resultou na condenação de Jair Bolsonaro por tentativa de golpe. A decisão gerou forte desgaste diplomático e mobilizou parlamentares bolsonaristas, como Eduardo Bolsonaro, em ofensiva contra o STF.
Com a derrubada das sanções, o episódio passou a ser interpretado como uma derrota simbólica para a ala mais radical da direita, aprofundando fissuras internas. O conflito entre Nikolas e Allan, no entanto, não é isolado. Os dois acumulam atritos ao longo do ano, incluindo ataques pessoais e disputas envolvendo aliados nas redes sociais. A crise evidencia que, sem um inimigo externo comum, a extrema direita passa a direcionar suas tensões para dentro do próprio campo político.
